Obra - "Telling Lies"


   Paul Ekman acrescenta um novo capítulo as suas últimas pesquisas sobre a sua investigação inovadora das mentiras e dos métodos para desvendá-las. Ekman descobriu as pistas comportamentais mais importantes para enganar, desenvolveu um programa auto instrucional que treina as pessoas a observar e compreender "micro expressões" e fez uma pesquisa que identifica as expressões faciais que mostram se alguém é mais suscetível ou não, de tornar-se violento. Também foi desenvolvido um programa auto instrucional para treinar o reconhecimento destes sinais perigosos.

   Telling Lies descreve como as mentiras variam na forma e como podem diferir de outros tipos de desinformação que podem revelar mentiras. A obra também discute como a linguagem corporal, voz e expressões faciais de uma pessoa podem alterar quando mentem, mas ainda assim enganar os caçadores profissionais de mentiras, mesmo juízes, agentes da polícia, agentes de combate às drogas, e agentes dos Serviços Secretos.

   Nesta sua obra, Paul Ekman explicitou as 9 razões do porquê mentirmos. Dentro dessas razões encontram-se:

  1. Para evitar ser castigado/punido: Esta é a motivação mais frequentemente mencionada para contar mentiras (tanto por crianças como por adultos). É importante notar que não houve diferenças significativas entre mentiras ditas para evitar castigos por um delito intencional versus um erro honesto.
  2. Para obter uma recompensa que de outra forma não poderia ser obtida prontamente: Este é o segundo motivo mais frequentemente mencionado, tanto por crianças como por adultos. Um exemplo disto é reclamar falsamente experiência de trabalho durante uma entrevista de emprego para aumentar as hipóteses de contratação.
  3. Para proteger outra pessoa de ser punida: Tal como no caso da mentira para evitar castigos pessoais, o motivo não muda com a intenção. Já vimos isto ocorrer entre colegas de trabalho, amigos, família, e mesmo com estranhos!
  4. Para proteger-se da ameaça de danos físicos: Isto é diferente de ser punido, pois a ameaça de dano não é por um delito. Um exemplo seria uma criança que está sozinha em casa a dizer a um estranho à porta que o seu pai está a dormir agora e a voltar mais tarde.
  5. Para ganhar a admiração dos outros: Contar mentiras para aumentar a sua popularidade pode variar desde "pequenas mentiras " para melhorar uma história a ser contada até à criação de uma persona (fabricada) inteiramente nova.
  6. Sair de uma situação social incómoda: Exemplos de como as mentiras podem parecer reveladoras quando motivadas por isto são a alegação de ter um problema de baby-sitter para sair de uma festa aborrecida, ou o fim de uma conversa telefónica, dizendo que há alguém à porta.
  7. Para evitar constrangimentos: A criança que afirma que o assento molhado resultou de derrame de água, e não de molhar as calças, é um exemplo se a criança não temeu castigo, apenas vergonha.
  8. Para manter a privacidade sem notificar os outros dessa intenção: Por exemplo, o casal que afirma ter fugido porque o custo de um casamento estava para além das suas possibilidades quando, na realidade, estavam a evitar a obrigação de convidar as suas famílias.
  9. Exercer poder sobre os outros, controlando a informação de que o alvo dispõe: Famosamente encarnado por Hitler, este é, sem dúvida, o motivo mais perigoso para contar mentiras.

Ações e Reações que Podem Ajudar a Identificar um Mentiroso:


- Pedir para contar toda história ao contrário: Ao interrogarmos um suspeito, e, caso este de facto seja o culpado, podemos dividi-los em dois tipos diferentes. Aqueles que são mais precavidos e ensaiam as suas mentiras e aqueles que apenas expressam o primeiro pensamento que lhes vêm à mente. No caso daqueles mais precavidos, há uma técnica muito importante, mas não muito conhecida, que ajuda a descobrir a verdade. Após o suspeito contar toda a sua versão da história, pede-se para contá-la ao contrário. Assim que este começar e, de facto, estiver a mentir, irá confundir a cronologia dos eventos. Isto ocorre porque quando vivemos os factos, conseguimos ditá-los de trás para frente, entretanto, quando apenas mentimos, não temos a tendência a projetar a mentira de trás para frente.

      - Afastamento Frásico: Outra reação comum aos mentirosos é o afastamento frásico. Isto é, quando mentimos, temos a tendência de afastar e alongar as nossas frases ou exclamações, para que, assim, ou possamos ter mais tempo para melhor desenvolver a mentira, ou dissipamos a atenção do ouvinte e, desta forma, convencê-lo mais facilmente.

      - Tom de Voz: Durante o testemunho de uma mentira, até mesmo o tom de voz pode ser acusador. Antes de mais, é necessário criarmos um padrão e ouvirmos atentamente o indivíduo analisado em diversas situações, para assim não tirarmos falsas conclusões. É importante pontuar que, para identificarmos uma mentira pelo tom de voz, também precisamos de identificar picos de diferenciação dos padrões anteriormente analisados.