Paul Ekman


Paul Ekman é psicólogo norte americano, nascido no ano de 1934 em Washington, D.C. e dedicou a sua vida a estudar o comportamento e as emoções humanas, criou um método de análise e interpretação das expressões faciais, realizou inúmeras contribuições sobre o fenómeno da mentira e de sua deteção, sobre as micro expressões faciais, sobre a comunicação não-verbal na interação humana, trabalhou com CIA, FBI e Scottland Yard, publicou inúmeras produções, entre livros e artigos, inspirou o desenvolvimento da série televisiva Lie to Me e é considerado um dos 100 psicólogos mais influentes do séc. XX.

  Foi com o estudo gestual que Ekman começou sua pesquisa sobre a comunicação não-verbal em seres humanos e, nessa época, vale dizer que havia uma discussão sobre certos comportamentos emocionais, no caso, a expressão facial das emoções, que foi iniciada por Charles Darwin, quando publicou em 1872 o livro “The Expression of the Emotions in man and animals” e propôs que certas emoções, quando vivenciadas, tem correspondência com expressões faciais e comportamentos específicos inatos e universais, ou seja, partilhados de forma comum por todos os membros da mesma espécie. Anos mais tarde, já no séc. XX, a antropóloga Margaret Mead confrontou as afirmações de Darwin, ao passo em que afirmou que as expressões faciais das emoções não são universais, mas variam de sociedade para sociedade e são produto da respetiva cultura e dos processos de aprendizagem.

Desta forma, surgiu a necessidade de verificar qual das duas teorias estaria certa em suas afirmações e Ekman, incentivado por seu professor e colega de pesquisa Silvan Tomkins (1911 – 1991), foi a campo investigar a temática e descobrir, definitivamente, se as emoções eram universais ou culturais.

   Viajou pelos EUA, para o Brasil, foi ao Chile, Japão entre outros países. Por onde ia levava fotografias, câmaras fotográficas e filmadoras, retratava e comparava faces emocionais, depois voltava ao laboratório e submetia seus pares à análise e reconhecimento das emoções. Um estudo que vale destacar foi realizado comparando expressões públicas e privadas entre japoneses e norte-americanos, onde Ekman constatou que: “quando sozinhos, japoneses e norte-americanos exibem as mesmas expressões faciais ao assistir a filmes de cirurgias ou acidentes, mas quando um cientista estava perto, os japoneses, mais que os norte-americanos, mascaravam as expressões negativas com um sorriso. Em particular, expressões inatas; em público, expressões controladas. Como o comportamento público é o mais observado pela maioria dos antropólogos e viajantes, tive minha explicação e evidência de seu funcionamento”. (Ekman, 2003, p. 24)

   Tudo convergia para a universalidade da expressão facial da emoção, mas ainda faltava um estudo definitivo, que também foi realizado por Ekman, quando este viajou para a Papua Nova Guiné e investigou a tribo Fore. Esta era uma tribo virgem, isto é, que nunca teve contacto com outra civilização. Eles também não tinham água parada que possibilitasse ver o próprio reflexo facial e muito menos sabiam o que era uma câmara fotográfica. Com a ajuda de um intérprete, Ekman dava um contexto e pedia para os nativos apontassem para uma expressão facial adequada (como perguntar “qual seria a sua reação se soubesse que o seu filho primogênito morreu em combate?” e então eles apontavam para a face que expressava tristeza). Além desse tipo de reconhecimento e emprego emocional, os nativos também contavam histórias e reagiam naturalmente ao ambiente, enquanto Ekman e sua equipa colhiam imagens.

   A expressão facial que acompanhava as falas, revelava o caráter emocional dos relatos e, ao levar os dados colhidos para o laboratório, o resultado de análise e reconhecimento por parte dos colaboradores foi o mesmo e pôde-se chegar a conclusão de que, independente da sociedade e cultura, as emoções básicas, quando vivenciadas por seres humanos, acionam os mesmos músculos faciais. Falou-se então, de 6 emoções básicas universais: alegria, tristeza, raiva, nojo, medo e surpresa.

    Em suma, a pesquisa de Ekman resultou na chamada “teoria neuro-cultural” (cross-cultural), pois considera tanto o caráter universal inato da expressão facial da emoção, quanto as regras de exibição (display rules), que atuam como moderadoras de uma expressão emocional e dependem de fatores culturais e sociais.